Verticalização chega ao limite na Lapa e em outros 20 distritos de SP

Um quinto da cidade de São Paulo está impedido de lançar novos prédios. Isso porque a verticalização atingiu o limite em 21 dos 96 distritos da capital. Bairros como guia Vila Leopoldina, guia Lapa, guia Ipiranga e guia Mooca, por exemplo, não têm condições de abrigar novos arranha-céus residenciais.

Nesses locais, as construtoras já utilizaram quase todo o estoque de potencial construtivo, instrumento criado pela Lei de Zoneamento em 2004 para regular o uso do solo na cidade. Por isso, o mercado imobiliário acredita que os limites de construção devem ser revistos para permitir que as pessoas fiquem mais perto da oferta de trabalho e transporte público.

Por outro lado, arquitetos e urbanistas afirmam que o poder público deve colocar um freio nos interesses dos empresários da construção, para evitar que a cidade fique tão cheia de carros e pessoas e se torne um lugar ainda mais difícil de se morar.

Queixas. Quem vive em bairros que sofreram forte verticalização nos últimos sete anos, desde a aprovação do zoneamento atual, reclama do excesso de trânsito e dos altos preços dos imóveis. O microempresário Eugenio Carrer, de 50 anos, por exemplo, vive há seis na Vila Leopoldina, na zona oeste, bairro que, na última década, passou por forte verticalização. “De manhã, lá pelas 7h, os portões dos prédios vivem praticamente abertos, de tanto carro saindo. E o trânsito fica ruim porque as ruas são estreitas.”





No vizinho distrito da Lapa, a sensação de parte dos moradores é parecida e ainda há o aumento nos valores das edificações. “Muita gente que vive de aluguel por aqui vai ter de se mudar para o lado de lá da ponte quando os preços forem reajustados”, diz a dona de casa Rosana Nemer, de 51 anos. Segundo ela, que mora há sete anos na região, com os novos condomínios do bairro o preço dos imóveis na Rua Faustolo “no mínimo dobrou” em dois anos.

Na avaliação de representantes do setor imobiliário, porém, ainda há espaço para mais prédios nesses bairros. “No Ipiranga, por exemplo, existem estações de metrô e ruas largas, o que não levaria a uma saturação viária”, observa Eduardo Della Manna, diretor de Legislação Urbana do Sindicato da Habitação (Secovi).

O arquiteto Jorge Wilheim lembra que a lei já previa uma revisão, em 2008, o que não foi feito. “Não pode ser uma coisa sem limite, senão vira uma farra do mercado. Mas a lei falava em uma avaliação, para ver o que precisa ser ajustado.”

Fonte: O Estado de S. Paulo





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