Um hospital que já foi referência para a Zona Oeste de São Paulo está abandonado. O Hospital Sorocabana, no bairro Lapa, fechou as portas em setembro do ano passado. Na época, eram 200 leitos e atendimento de especialidades como ortopedia e obstetrícia. Atualmente, funciona no prédio apenas uma clínica de hemodiálise.
O hospital é privado, mas recebia muitos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, tinha verba do SUS, repassada pela Prefeitura. Foram R$ 108 milhões durante sete anos. Por mês o valor chegava a aproximadamente R$ 1,7 milhão. Agora ele está fechado.
O local se transformou em um prédio fantasma. São leitos vazios e quartos abandonados. Os suportes para soro estão largados no banheiro, os papéis mofam nas gavetas e as cadeiras de rodas não aparam nenhum doente.
Em agosto de 2009, a Secretaria Municipal de Saúde, depois de uma auditoria, descobriu irregularidades na utilização da verba SUS dentro do hospital. A partir daí o repasse passou a ser menor. Até que um ano depois, em agosto do ano passado, a Prefeitura cancelou o convênio que tinha com o Sorocabana.
O Sorocabana é um hospital filantrópico e foi fundado em 1955. Havia pacientes de planos de saúde e também do SUS. Chegou a atender 20 mil pacientes por mês, mas, quando fechou, no ano passado, eram apenas 5 mil. Na época, 35 gestantes estavam internadas e tiveram que ser transferidas.
No 7º andar, o setor foi alugado para uma clínica de hemodiálise, que atende pacientes do SUS. Um homem diz que quando a mulher dele chegou, o resto do Sorocabana ainda funcionava. Agora, se acontecer algo, ela tem que ser transferida. “Se ela passar mal, tem que ir pra outro hospital.” Logo ao lado, mais um exemplo do descaso: o setor novinho, da ortopedia, também está vazio.
O atual presidente da Associação Beneficente dos Hospitais Sorocabana, Ivens Struth, diz que não sabe se a instituição irá reabrir. Segundo ele, todo hospital fecha por problemas financeiros.
Nota da Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de São Paulo diz que o Sorocabana foi submetido, durante a vigência do convênio SUS, a auditorias mensais para liberação dos pagamentos das internações hospitalares.
Foram 103 auditorias no período compreendido entre 2003 e 2010 e em aproximadamente 20% delas foram encontradas irregularidades. Em 11 de novembro de 2010, foi feita uma convocação pública para a compra de leitos de hospital geral e maternidade.
Como não houve interessados, a população local está sendo encaminhada para outros hospitais e postos de atendimento.
Fonte: G1