Em 1942, Albert Camus, filósofo e escritor franco-argelino, lançou o livro O Estrangeiro, que foi traduzido em diversos idiomas e trouxe uma contribuição fundamental à filosofia, completando o Ciclo do Absurdo. Ganhou uma versão cinematográfica em 1967, dirigida por Luchino Visconti, e inspirou os irmãos Coen a produzirem o filme O Homem que Não Estava Lá. O texto fica em cartaz entre os dias 10 de fevereiro e 4 de março, no palco do Teatro Cacilda Becker em um monólogo.
O Estrangeiro conta a história de Mersault, indivíduo normal que leva uma vida sem grandes emoções e encara as situações cotidianas com indiferença. Até o dia em que comete um assassinato e se vê em uma situação conflituosa ao longo do julgamento.
O trabalho começou em 2007, quando o professor e ator dinamarquês Morten Kirkskov sugeriu que o ator Guilherme Leme montasse a peça no Brasil. “Li a adaptação dele e fiquei encantado… Trabalhei durante dois anos fazendo leituras dramatizadas no Rio, em Brasília e em São Paulo”, conta. Assim foi nascendo a ideia da concepção para o palco. “Seria uma pessoa, um ator contando uma história, e quando a Vera Holtz entrou para me dirigir, gostou muito dessa proposta e foi ainda mais radical, sugerindo algo minimalista”, completa.
Qualquer gesto poderia ser encarado como um excesso, já que a essência estava na palavra de Camus. A função de Leme seria apenas contar essa história. Uma das maiores dificuldades do ator foi extrair a emoção do personagem. “Sou uma pessoa muito forte, principalmente em termos físicos no teatro. Eu uso muito o corpo, sou muito dinâmico no palco”, explica. Ele precisou trabalhar esse lado para apresentar uma pessoa sem emoções, que se guia pelas sensações, pois Mersault não é um ser humano verdadeiro, é um mito, uma ficção.
Leme contracena com a iluminação. “Quando convidei o Maneco Quinderé, falei: ‘você não vai fazer a luz, vai interpretar o Sol’. E assim foi feito, com grande maestria, por sinal”. A estrela entra na história como uma protagonista, que permeia toda a angústia do personagem.
Embora seja uma versão condensada do livro, o monólogo reflete da mesma forma a complexidade do ser humano e sua dificuldade para se adequar à sociedade.
Serviço:
Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295, Lapa, Zona Oeste de SP, tel. 3864-4513. De 10/2 a 4/3. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. R$ 20. Funcionamento da bilheteria: Terça a domingo, das 14h às 19h30. Em dias de espetáculo, a bilheteria funciona até 20 minutos após o início da sessão.
Atenção: os ingressos podem ser adquiridos na Ingresso Rápido pelo telefone 4003-2050, site: ingressorapido.com.br/prefeitura ou, ainda, na bilheteria do próprio local. Apenas para entrega em domicílio será cobrada taxa.
Fonte: Prefeitura de São Paulo